segunda-feira, 25 de abril de 2016

SER IDOSO E SER VELHO

SER IDOSO E SER VELHO

Jorge de Jesus Ricardo(Jocardo )
Balneário de Camburiú-SC

Idosa é a pessoa que tem muita idade; Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa a degenerescência das células; a velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso, nem todo o idoso é velho e há velho que nem chegou a ser idoso. O mesmo acontece com as coisas: há coisas que são “idosas” (antigas) e há coisas que são velhas.

Um vaso da Dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antiguidade, uma relíquia que não tem preço; um, outro, de apenas uns 50 anos ou menos, pode ser um vaso velho, relegado a um depósito. Você é idoso quando pergunta se vale a pena; você é velho quando sem pensar responde que não. Você é idoso quando está pronto para correr riscos; você é velho quando procura correr dos riscos. Você é idoso quando sonha; você é velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esportes; você é velho quando apenas descansa. Você é idoso quando ainda sente amor; você é velho quando só sente ciúmes e possessividade. Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de suas vidas; você é velho quando todos os dias parecem os últimos da longa jornada. Você é idoso quando o seu calendário tem manhãs; você é velho quando no seu calendário só existe ontem. O idoso é aquela pessoa que tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência; ele é a ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro é no presente que os dois se encontram.  O velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado. O idoso se renova a cada dia que começa, o velho e acaba a cada noite que termina, pois enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança ilumina, o velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem plano, o velho em saudades. O idoso curte o que lhe resta da vida, o velho sofre o que o aproxima da morte. O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade, o idoso leve uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperanças. Para ele, o tempo passa rápido, mas a velhice não chega nunca. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se arrastam destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura. Em suma, idoso e velho, duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas tem idades bem diferentes no coração. Sou idoso (tenho 70 anos), mas espero que nunca fique velho.

O PAPEL DA FAMÍLIA NA REINCERSÃO DO CIDADÃO PRESO

O PAPEL DA FAMÍLIA NA REINSERÇÃO DO CIDADÃO PRESO


“A construção social da desigualdade é ditada por alguns fatores:
símbolos,leis/normas/valores,instituições e subjetividade.”
(Vera Vieira)

Desde a pré-história, quando se organizou em grupos, o homem sentiu a necessidade de estabelecer regras de convívio, ou seja, limites, a fim de conviver com seus semelhantes.
Acreditamos que o comportamento está intimamente ligado às crenças que cada sujeito formou ao longo da vida, determinando sua atitude e seu comportamento. A sociedade, como um todo, também determina e é determinada pela forma como cada indivíduo interage com os outros.
Não podemos compreender a reinserção social sem a premissa dessa interação. É necessário o movimento de aproximação e decodificação desses atores (o cidadão encarcerado, sua família, os operadores do direito e a sociedade), para podermos pensar em reinserir o homem e a mulher presos, em condições de garantir-lhes, o mínimo de adaptabilidade ao convívio social; nesse processo a família é o ator estratégico; é aquele que faz a ponte entre a sociedade e o/a preso/a.
“Homens e mulheres, somos corpos conscientes e sociais no mundo, na história, e com a história, que nos faz e refaz enquanto a fazemos. Porque nos achamos com o mundo e não só no mundo, como se fosse ele um puro suporte onde nossa vida se daria, nos fizemos históricos e nos tornamos capazes de inventar a existência, servindo-nos para tanto do que a vida nos ofereceu. É por isso que a nossa presença no mundo não se pode reduzir à mera adaptação a ele. Estar no mundo só vira “presença” nele quando o ser que está se sabe estando e, por isso, se torna hábil para aprender a interferir nele, a mudá-lo, a se tornar, portanto, capaz de acrescentar à posição de objeto, enquanto no mundo, a de sujeito. Estar no mundo e com o mundo como corpos conscientes, existentes, histórico-sociais implica a assunção, por nossa parte, da inteireza de que vimos sendo.” (Paulo Freire).
Precisamos perceber-nos no mundo como parte possível de interagir com o todo; não há resposta positiva sem a interação das partes.
O trabalho para a reintegração social do preso/a só começará a dar resultados significativos e que altere as estatísticas de reincidência quando o Estado e os operadores do direito perceberem o familiar como parte do processo de reinserção.
 A família é um componente precioso para o resgate de princípios básicos de convivência, ética e moral, por isso torna-se parceira essencial em qualquer trabalho onde a volta ao convívio social se faça presente.
É estranho que até hoje os Operadores do Direito não percebam a família como suporte de um trabalho de sensibilização.
Ela aparece em audiências com os juízes mais para ouvir do que para opinar, não se percebe a família como contribuinte ativa para a produção científica, a não ser como público-alvo e nunca como um ator importante na implantação do objetivo real e legal da execução da pena que é a reinserção de forma positiva e produtiva do cidadão /cidadã, presos; não se tem notícia do desempenho da família como parceira do Judiciário/Executivo no balizamento de ações que gerem uma resposta positiva para a reincidência, através de ações pensadas e coordenadas tendo a família como ponto central a ser trabalhado como sustentáculo para a volta dos cidadãos encarcerados.
Na formulação de políticas públicas, é fundamental qualificar a participação desses atores com os quais se trabalha. Devemos ampliar as noções, de direito e cidadania, para muito além do que tradicionalmente é conquistado.
Temos que observar as necessidades básicas dessa família, fazendo-a acessar uma renda mínima e conseqüentemente a segurança alimentar para então pensarmos em reintegrar alguém.
O cidadão preso não é um ser isolado, não é um morador desgarrado de Marte por isso pensar a volta desse indivíduo sem a devida preparação preliminar e um, trabalho consistente de recuperação de toda a família, faz com que o fantasma da reincidência seja uma constante.
A contribuição da família pode se dar de várias formas : através da capacitação  como forma de acessar novos conhecimentos e usá-los em palestras de sensibilização, atuar como agente multiplicadora de informações sobre cidadania, saúde, valores morais e éticos etc..., monitorar em parceria com o Estado atividades do cumprimento das penas alternativas, contribuir para a mudança de algumas políticas públicas através da sua experiência empírica, detectar e agregar familiares com nível médio e superior aos projetos desenvolvidos para presos, capacitá-los para utilizar mecanismos lúdicos e culturais para a sensibilização dos seus familiares jovens.
As relações não podem se balizar no binômio “Vigiar e Punir”, como diz Foucault, a família deve ser vista não através dos esteriótipos Lombrosiano e sim como um interlocutor confiável, tendo um papel intransferível que é o de agente ressocializador e deve ser co-participes e co-responsáveis na reínserção social do seu preso; já que cumprem pena compulsoriamente devem ser também tratados de forma a poder receber o seu familiar e participar das atividades e capacitações pré-reincerção que deveriam ser implantadas nas unidades prisionais como um conjunto de oficinas profissionalizantes, artesanais, lúdicas como preparo para a volta ao convívio social.
Envolver a família em um trabalho de resgate pontual (o do seu familiar preso) tem na realidade um objetivo muito mais abrangente e profundo que única e exclusivamente a preparação para a volta do seu familiar, mas acima de todo trazer a família para o centro das discurssões como mais uma possível parceira é trabalhar a sua auto-estima, é agregar valor ao trabalho sofrível feito nos Estados, é oferecer sustentáculo estrutural para futuras relações dessa família, que a partir dessa visão inclusiva passará a perceber-se cidadã.
Os Operadores do Direito,  o Ministério da Justiça, o Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN, não podem continuar a verem a família como um apêndice da questão, deve ser compreendida a sua especificidade como parceira na rede social de apoio, e como um dos atores fundamentais para a reintegração; ela deve ser capacitada para cumprir o seu papel de veículo de sensibilização do seu familiar, percebendo-se cidadãos/cidadãs com condições de interferirem nas políticas públicas e exercerem o seu papel de atores/parceiros do Poder Judiciário e do Poder Executivo na co-responsabilidade da execução da pena na sua fase pré-reinserção e na inserção.
Ainda não se tem um projeto piloto que capacite essa população, ainda somos entendidos como atores de menor importância, ainda não somos vistos como parceiros confiáveis para a implementação de ações e/ou discussões sobre políticas publicas inclusivas.
Se, faz necessário usar o princípio da razoabiliadade para entender o papel a ser desempenhado pela família em parceria com o Estado, para o resgate não só do indivíduo, mas de milhares famílias; de uma geração.
Detectar, capacitar e incluir essa família na vida produtiva da sociedade é parte de suma importância na volta do cidadão/ã preso/a.
 O trabalho de reconstrução é o mais difícil, requer cuidado, paciência e disciplina, é necessário desarmar os espíritos, e aguçar os ouvidos de todos os atores para que todos se percebam e se escutem, objetivando um trabalho conjunto para minimizarem os efeitos das ações não inclusivas que o Estado oferece no decorrer do cumprimento da pena; que por não ter o caráter educativo, fomenta o ódio, afastando o indivíduo do convívio social produtivo, fazendo-o voltar a reincindir nas ações negativas.
A família não deve ser vista como uma mera vítima estática da aplicabilidade da Lei que a pune compulsoriamente; ela deve ser percebida como peça chave para o trabalho de diminuição da reincidência.
Não perceber a família no contexto da vida desses homens e mulheres presos, é não investir na possibilidade de resgate, na diminuição da reincidência, no retorno da violência a níveis aceitáveis; sabemos que as prisões são linhas de produção ativas de aperfeiçoamento da marginalidade, por isso é urgente a inclusão da família no contexto da reinserção social como parceira agregadora de conhecimento empírico, na construção de uma via para um diálogo sobre a responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo de reinserção do cidadão/ã presos. Tendo todos os atores (sociedade, operadores do direito, o executivo e o familiar), a possibilidade de, conjuntamente construírem um projeto viável de reinserção para o preso (pré-inserção) e o egresso (inserção social).
A família precisa ser vista como peça estratégica na sensibilização do seu familiar, precisa ser capacitada para ser um agente ressocializador; precisa descobrir que a sua participação é de fundamental importância para a modificação qualitativa do seu familiar.
É necessário que se pense em programas federais, estaduais e municipais que proponham o apadrinhamento por um determinado período de tempo de famílias de presos pobres; através do acesso a programas já existentes, tais como: vale gás, cestas básicas, bolsa escola e um trabalho efetivo do serviço social do sistema penitenciário na orientação da família à obtenção do benefício do auxilio reclusão.
É necessário que esses benefícios venham acoplados a atividades (cursos de qualificação profissional, de aperfeiçoamento, de gestão de micro-empresas e cooperativas), com o objetivo de inserirem esses atores (preso e a sua família) no mercado de trabalho.
É, necessário, a sensibilização da iniciativa privada para a importância do trabalho preventivo, através da absorção da força de trabalho do egresso; é necessário estimular o mercado através de incentivos fiscais a empresas que absorvam em seus quadros, egressos e empresas que instalem oficinas laborativas nas unidades prisionais.
É necessário que as Universidades, possam participar desse esforço conjunto, através dos seus professores e estagiários na criação de um Banco de Horas Multidisciplinar, para o acompanhamento e, suporte na reintegração social do preso e sua família.
É, necessário, a participação da sociedade civil organizada através das suas instituições representativas; (Organizações Não-Governamentais (ONG’s), Grupos de apoio, Fundações...) no acompanhamento técnico de atividades de pré-reinserção, nas unidades prisionais e no monitoramento das famílias e do egresso nas atividades previstas em parceria com o Poder Judiciário e o Executivo.
É necessário envolver diversos atores sociais (Conselhos Municipais e Estaduais, Comissões de Direitos Humanos, Igrejas...). Algo importante nas ações, em relação ao Estado e as políticas públicas, é que precisamos inicialmente ter a capacidade de reconhecer quais os espaços estratégicos de ocupação.
É extremamente necessário que os Operadores do Direito estimulem a inclusão da família no processo de reinserção do seu preso, e que a avaliação do grau de envolvimento da família gere relatórios que facilitem a obtenção de benefícios.
Mais do que nunca, face ao agravamento das relações interpessoais na sociedade como um todo e em especial entre as classes mais desfavorecidas, é necessário um esforço conjunto no trabalho preventivo, humano, comprometido, não só com o resgate do indivíduo, mas que seja visto como uma ação estratégica de segurança pública.
A sociedade sempre pensa em mais repressão quando se trata de políticas de segurança; precisamos avançar e construir uma interface com o diferente, neutralizar ações negativas através de ações solidárias, reconstruir o conceito de solidariedade cidadã, respeitando as diferenças e estimulando as iniciativas que conduzam ao crescimento qualitativo do cidadão preso e da sua família.

                                                                 
                                                                Simone Barros Corrêa de Menezes.
                                                                                 20/03/03



Bibliografia:
1)       Gestão de Projetos Sociais – Coordenação Célia Maria Ávila  -  1999
2)       O Prazer e o Pensar – Marcos Ribeiro  -  1999
3)      Educação Popular  -  Fase  -  1999.
 



MOVIMENTOS SOCIAIS DA DECADA DE 90












2. O QUE É MOVIMENTO SOCIAL?
Na concepção de SOUZA (1996, p. 99) “Movimentos sociais são formas de enfrentamento das contradições sociais que se expressam em reações coletivas a algo que se apresenta como bloqueio ou afronta aos interesses e necessidades coletivas de determinado grupo social.”
Nesta perspectiva, entende-se que forma-se um movimento social, quando um grupo de pessoas superam as alternativas individuais e passam a pensar coletivamente, de forma a deflagrar um processo de organização popular. GOHN (1997) ressalta a heterogeneidade dos atores participantes dos movimentos sociais, já que diferentes classes e camadas sociais estão articulados, a partir da construção de uma identidade coletiva, que se estrutura nos valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo.
GOHN (1997, p. 242) enfatiza que um movimento social “...sempre envolve um coletivo de pessoas demandando algum bem material ou simbólico.” Sendo assim, percebe-se que um movimento imprescindivelmente se desenvolve num contexto de correlação de forças, e por isto, se configuram em processos político-sociais.
Esta característica supõe que os movimentos provocam mudanças e/ou transformações na sociedade civil e política, e estes podem ser de cunho progressista  ou conservador.
Abaixo explicitaremos alguns movimentos sociais progressistas que mais se destacaram no contexto da década de 90. Procuraremos observar as características acima expostas, no sentido de situar qual a organização de cada movimento, diante das suas demandas.

2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO

Os conflitos pela posse da terra originam-se da rígida estrutura fundiária de grande concentração da propriedade da terra. Eles acompanham a história brasileira, fazendo-se presente na história da colônia, do império e da república.
Ao longo do tempo, esses conflitos assumiram diversas formas. As Ligas Camponesas (déc. de 50 e 60), constituíram-se num dos paradigmas da luta pela terra. Desde então, a reforma agrária se constitui na proposta política dos trabalhadores rurais excluídos.
Esta proposta de reformulação da estrutura fundiária, a reforma agrária, foi abandonada pelo regime militar, e após esse período, é discutida pela sociedade brasileira e entra na pauta das políticas públicas.
A necessidade da reforma agrária leva os movimentos sociais a representarem a expressão política das diversas categorias de trabalhadores rurais envolvidos nos conflitos, assim como outras entidades também assumem importância política, incluindo organizações não-governamentais, sindicais e religiosas.
Dentre os movimentos e organizações, destacam-se:
ü  Comissão Pastoral da Terra (CPT): vinculada à Igreja Católica e à Luterana, volta-se para a causa dos camponeses e trabalhadores rurais, atuando junto a dioceses, paróquias e comunidades eclesiais de base e através de assessoria a sindicatos, movimentos sociais e associações populares. A CPT mantém um importante banco de dados sobre violência no campo e tem contribuído para a denúncia dos abusos e injustiças cometidas contra os trabalhadores rurais.
ü  Central Única dos Trabalhadores (CUT): através de seu Departamento Estadual de Trabalhadores Rurais tem apoiado ações de grupos sem terra, geralmente ligados a sindicatos de trabalhadores rurais.
ü  Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST): caracteriza-se como o principal movimento na luta pela terra. Surge na região sul do Brasil, a partir da articulação de trabalhadores rurais que começam a se organizar na década de 70.
Hoje, encontra-se organizado em nível nacional. Suas reivindicações situam-se tanto no plano simbólico - exemplo disto são as caminhadas já realizadas pela cidadania, justiça e defesa dos direitos humanos - como no plano material, apresentando no seu repertório de demandas, a luta e pressão pela ocupação de terras, as quais pretendem que sejam destinadas a realização de projetos de assentamento.
Neste sentido, a ocupação de terras improdutivas, públicas ou particulares torna-se uma estratégia básica dos sem-terras, criando um fato político que leva a pressionar os órgãos públicos a negociarem com o movimento e a promoverem o assentamento definitivo na terra através da concessão de títulos, tornando evidente no plano material que o MST defende como bandeira a reivindicação a expropriação de grandes áreas pertencentes a empresas multinacionais, o fim dos latifúndios improdutivos e uma política agrícola voltada ao pequeno produtor.
O MST tem contribuído para a construção de uma identidade que é peculiar aos trabalhadores rurais sem terra, com força política e com reconhecimento até internacional, a exemplo do prêmio que obteve na área dos direitos humanos, por uma entidade da Bélgica em 1997.
Outro aspecto importante é que os assentados constróem um saber que é social, a partir de relações com os técnicos do MST e outros agentes da sociedade civil e política. Eles desenvolvem novas formas de organização, pois a cada processo de ocupação surgem problemas que devem ser enfrentados coletivamente, a partir de soluções novas, criadas na conjuntura que vivenciam. Além disso, no aspecto estrutural, o movimento apresenta uma estrutura organizativa com curso de formação, cooperativas, assessoria técnica e jurídica e mecanismos de captação de recursos.
O movimento expressa seus valores, ideais e crenças que fundamentam suas reivindicações, traçando seu perfil ideológico no lema ocupar, resistir e produzir.
Com força social, está articulado a redes de apoio político, partidários, sindicais, religiosos como a CUT e CPT, mobilizando a sociedade e passando a ser um interlocutor para a formulação de uma Reforma Agrária para o país.
Com sua identidade e força social, alcançou uma série de fatores conjunturais favoráveis aos sem-terras, o que vale dizer que tanto a nível internacional como a nível interno são desenvolvidas pressões políticas advindas da própria sociedade brasileira e de ONGs internacionais em consideração às denúncias de desrespeito aos direitos humanos, violação de códigos éticos internacionais e impunidade dos crimes cometidos contra os sem-terras
Neste contexto, um outro tipo de pressão que desempenhou um papel relevante, adveio da área cultural, com o lançamento do livro Terra com fotos do fotógrafo Sebastião Salgado, músicas de Chico Buarque, laçados às vésperas da Chegada da Marcha pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça, em Brasília, e do aniversário de um ano do massacre de sem-terras em Eldorado dos Carajás.
Conclui-se que as ações coletivas de um movimento exigem articulações e saberes acumulados. Nesta perspectiva observa-se que as ações típicas das fases mais desenvolvidas dos movimentos quando já organizados e institucionalizados, se fazem na interação com órgãos públicos para negociações e estabelecimento de parcerias e obtenção de recursos e também com grupos organizados da sociedade civil, como ONGs e outras formas de assessoria e apoio.
Isso tudo, o MST vem alcançando através do significado de suas lutas. Contudo, continua atuante na sociedade, pois com a política neoliberal voltada a atender os interesses da economia internacional, a exclusão social no Brasil expande-se e a luta pela reforma agrária é a expressão da insatisfação da estrutura fundiária, a qual tem permanecido inalterada, gerando conflitos e levando a mídia a divulgar somente atos de “invasões”, causando uma imagem distorcida do significado social do movimento.

2.2 MOVIMENTO ECOLÓGICO OU AMBIENTALISTA

Através da criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, em 1958, tem-se os primeiros ascendentes à preocupação ambientalista no Brasil. A partir da segunda metade da década de 80, com a deteriorização ambiental, o movimento ambientalista torna-se multissetorial e complexo.
O movimento ecológico é um movimento social que apresenta uma história de luta determinada, constante e essencialmente não-violenta em defesa do meio ambiente bem como de todos os seres que habitam a Terra. Para tanto efetiva ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. Contudo estas ações são planejadas e organizadas a partir de repertórios vivenciados pelos seus atores, os quais na maioria das vezes constituem-se  nas demandas, ou seja, a  preservação do Meio Ambiente.
 Neste sentido sua ideologia, isto é, as idéias que fundamentam as reivindicações voltam-se para as grandes questões sociais e econômicas que estão na origem do desequilíbrio ambiental as quais prosseguem em todo o mundo.
A identidade coletiva, foi construída pelo movimento a medida em que este foi  fortalecendo-se na construção de seus projetos e práticas. Através da Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, observou-se a destaque que o movimento ecológico, construiu ao longo de sua existência. Pois o espírito deste encontro permitiu gerar o germe dos consensos transnacionais para problemas transnacionais, concretizados na forma de 36 tratados ou de compromissos da ação da sociedade civil planetária.
Uma das representações deste movimento que apresenta maior repercutibilidade mundialmente é o Greenpeace,  criado no Canadá em 1971. Tanto que conta com o apoio de técnicos e especialistas, que documentam e analisam as raízes políticas e econômicas das atrocidades cometidas contra o meio ambiente. De posse dessas informações, pressionam empresas, governos e instâncias internacionais onde as grandes decisões são tomadas. Na outra ponta, apoiam comunidades locais - para que elas próprias se organizem e busquem soluções para seus problemas. Além de combater os destruidores do meio ambiente, o Greenpeace produz soluções: os pesquisadores da organização desenvolveram, por exemplo, geladeiras que não destróem a camada de ozônio, criaram um modelo de carro altamente econômico, promoveram fontes de energia limpa, como a solar, etc.
A reivindicação deste movimento demanda por um bem material, isto é, a não dilapidação dos recursos naturais e não desagregação do meio ambiente. Tanto que, com o avanço da consciência ecológica em escala mundial, empresas poluidoras descobriram um novo filão de marketing e, através de ações inócuas e muita propaganda, pretendem "maquiar de verde" o cinza que produzem - enquanto governos recorrem ao mesmo método para disfarçar sua omissão frente às agressões ao meio ambiente.
Contando com seu poder de influência, e as experiência, informações acumuladas em 28 anos de existência, o Greenpeace une-se aos esforços que já realizam diversas entidades ecológicas brasileiras para conter a destruição do ambiente. E luta para que a questão ambiental deixe de ser encarada como coisa supérflua ou considerada apenas um modismo.
O Greenpeace não dá respostas parciais para problemas que são globais, pois acredita que só a mobilização de cidadãos de todas as nações poderá impor aos governos uma mesma e coerente política ambiental para o planeta.
Neste sentido esta particularidade do Movimento ecológico continua a ser a mais efetiva organização ambientalista do mundo, desenvolvendo pesquisas, denunciando problemas e propondo alternativas para o progresso ecologicamente correto da nossa sociedade. No Brasil a força social deste movimento é muito significativa,  principalmente a partir da Eco-92,  a qual marcou oficialmente a inauguração do Greenpeace Brasil.
Atualmente, os atores do movimento ambientalista não reivindicam mais a proteção ambiental de forma isolada, buscam sim alternativas para se atingir um novo estilo de desenvolvimento que atenda suas perspectivas de forma mais apropriada, para tanto discutem sobre a forma de desenvolvimento sustentável que mais se adeqüe a realidade: Estadista, Comunitário ou de Mercado. 
A conjuntura atual brasileira amplia os espaços de projeção e convergência do ambientalismo multissetorial com o conjunto do Estado e sociedade civil, e é nesta perspectiva que originam-se inúmeras ONGs ambientalistas.
2.3 MOVIMENTO NEGRO
Segundo MAGGIE (1994, p. 150) “...há vários trabalhos que falam de ‘negros’ e de identidade mostrando como se pode construir a identidade ‘negra’ no Brasil. A categoria que marca a identidade parece ser a expressão ‘negro’ e só raramente se fala em ‘pessoas de cor’. O fato é que há sempre um certo desconforto no uso dos termos de cor pelos sociólogos quando falam de identidade.”
Nos Estados Unidos negro é aquele que tem ancestrais negros, enquanto que no Brasil, negro é aquele que tem pele escura e o cabelo “ruim” e o nariz “largo”.
Em 1987 os movimentos negros decidiram concentrar esforços na crítica à data oficial da comemoração da abolição da escravatura, o dia 13 de maio, e programaram passeatas em todas as capitais do Brasil. Os movimentos negros consideram esta data como o Dia Nacional de Combate ao Racismo.
No dia 20 de novembro os movimentos negros homenageiam Zumbi dos Palmares, líder mais famoso do quilombo na história do Brasil. Esta data também é denominada como o Dia Nacional da Consciência Negra. Esta data foi criada por movimentos negros inquietos em busca de sinais de identidade.
Os movimentos negros reivindicam melhores condições de vida e reforçam a importância do negro na formação da nação. Eles estão nas ruas lutando em nome de uma verdadeira história do negro, que foi responsável pela construção da base desta sociedade, que hoje os discrimina.
O repertório de demanda do movimento negro é a luta por igualdade. No entanto, essas demandas não conseguem ultrapassar os limites de um pequeno grupo de militantes.
A autora coloca que a diferença sobrecai na cultura, na origem, e não se fala da presente. Frente a isso, os movimentos buscam uma identidade de nação, o que mantém as demandas por igualdade e cidadania por um pequeno grupo de participantes do movimento negro.
Contudo, o “movimento negro” é uma expressão do movimento social, e que luta contra a discriminação social. Neste sentido, as demandas por igualdade e justiça para todos são para superar as colocações dos termos “preto e “branco” quando comunicam que a diferença está somente na cultura, origem e hábitos, e não para dizer que a diferença é propriamente social.
2.4 MOVIMENTO  FEMINISTA
O movimento feminista tem expressão social desde o fim do século passado, com o intuito de superar as “...desigualdades entre homens e mulheres e acabar com as situações de opressão e exclusão das mulheres.” (FARIA, 1997, p. 24). As mulheres se organizaram no sentido de conseguir direitos de cidadania como educação, voto, e assumir determinadas profissões como magistério e advocacia.
Com o passar do tempo as mulheres ocuparam maiores espaços na sociedade e na década de 70, boa percentagem de mulheres já estavam empregadas no comércio, no setor de prestação de serviços e na indústria. Porém, mesmo conseguindo espaço de trabalho, “...as mulheres entravam no mercado de trabalho em condições subalternas, ganhando menos do que os homens e não tendo seu trabalho reconhecido.” (FARIA, 1997, p. 25). Esse assunto foi discutido na III Conferência Mundial sobre mulher, em Nairobi, 1985, que examinou “... os vínculos entre a desigualdade de gênero, as disparidades de classe e casta e os diferenciais de poder econômico entre países industrializados e em desenvolvimento.” (Sen e Grow, 1987 apud CORREA, 1987, p. 6).
Ainda na década de 70, no Brasil, as mulheres tiveram relevante participação em movimentos populares sendo integrantes de clubes de mães organizados pela Igreja, luta por creches e pela anistia. Com espaço na imprensa, o movimento feminista se propagou e foram criados vários grupos feministas em diversas cidades do país.
As mulheres dos setores populares se uniram com as do grupo feminista e criaram um novo sujeito social que ganhou uma nova identidade: busca de igualdade de oportunidades para todas as mulheres. Com a união do espaço público e privado as mulheres lutaram por novas demandas: “... o direito ao corpo e a livre opção pela maternidade, lutaram pelo fim da violência e pela igualdade no mercado de trabalho.” (FARIA, 1997, p. 26)
A força social deste movimento começou a alcançar algumas conquistas como a construção de creches públicas e as crianças de até 6 anos passaram a ser amparadas por políticas. Também as denúncias contra a violência feminina mudaram o conceito do senso comum fazendo questionar o “...assassinato de mulheres como justificativa para defesa da honra.” (FARIA, 1997, p. 26)
A partir dos anos 80 o movimento conseguiu que fossem criadas algumas políticas de combate à violência e cuidada a saúde da mulher. Tanto que na Constituição de 1988 foi conseguido políticas que dizem respeito a maternidade, como a licença-maternidade de 120 dias, licença-paternidade e creche para os filhos de trabalhadores de ambos os sexos. Também, as empregadas domésticas passaram a ter direitos trabalhistas e, mais tarde as trabalhadoras rurais conquistaram aposentadoria e salário-maternidade. É nesse período ainda que as mulheres, a partir de suas organizações “...desenvolveram as referências básicas que até hoje prevalecem nas políticas das agências de cooperação e irradiam-se para o interior de programas governamentais (principalmente na área rural) e programas de ONGs.” (CAMURÇA, 1997, p. 25)
Nos anos 90, os encontros feministas continuam se realizando constantemente e de forma mais organizada e abrangente, no sentido de que contemplam um número maior de necessidades e direitos de diferentes mulheres conforme: raça, cor, idade, classe, religião, etc.
Na IV Conferência Mundial sobre a Mulher realizada em Pequim, na China em 1995, foram discutidas as ações afirmativas, ou seja, “...são todas as leis, programas e projetos destinados a promover mulheres, invertendo a balança ‘natural’ que geralmente favorece o lado dos homens.” (FARIA, 1997, p. 28) Como exemplo destas ações, em 1991 o Partido dos Trabalhadores assegurou que 30% dos componentes da direção devem ser mulheres e, em 1992, a CUT tomou a mesma decisão. A deputada Marta Suplicy apresentou um projeto de lei obrigando os partidos a apresentarem um mínimo de candidatas às Câmaras de vereadores, o que fez com que aumentasse o número de mulheres eleitas e tomando liderança junto às decisões políticas.
Sendo assim, é possível afirmar que o movimento feminista continua ativo e tendo um repertório de demandas no sentido de “...reforçar a presença das mulheres no cenário político; transformando problemas particulares e de ordem privada em temas de debate público; produzindo melhorias na qualidade de vida das próprias mulheres; alargando seus direitos; e questionando estruturas patriarcais e a própria noção de cidadania.” (CAMURÇA, 1997, p. 23-24) O movimento continua lutando no sentido de despertar as mulheres a conquistarem independência e autonomia para decidirem, por si mesmas, o destino de suas vidas.
Apesar de a mulher ainda ser discriminada, muito mais no ambiente de trabalho, ao exercer a mesma função de um homem e receber menos que ele, em ter dificuldades em acessar cargos de liderança, ela persiste em continuar lutando por uma posição igualitária e humana na sociedade. E devido esta luta, muitos espaços já foram conquistados: lugares, profissões, atitudes, esportes que eram estritamente para homens, hoje, a mulher já está infiltrada. Desta forma é possível perceber que a força social do movimento feminista foi atuante em todas as suas fases, sendo que em cada uma delas houveram diferentes demandas, as quais, não em sua totalidade, se efetivaram e propiciaram conquistas no âmbito material, como também no âmbito simbólico. Embora, muitas leis que dizem respeito aos direitos das mulheres não passam de meras palavras depositadas em papéis.

2.5 MOVIMENTO  SEM-TETO

Para contextualizar o movimento dos sem-teto na década de 90, é  preciso ressaltar a trajetória da luta pela moradia no cenário brasileiro. Percebe-se que, desde o tempo colonial até os dias atuais a situação de moradia sempre foi precária, e agravou-se ainda mais com a urbanização e industrialização ocorrida no início do século XX. Neste período a luta se deu por melhores condições de moradia, que foi afetada devido a imensa concentração de operários aos arredores das fábricas.
Nos anos 90, com as mudanças societárias mundiais, os movimentos sociais perdem sua característica dos anos 80, de mobilização social, pois o objetivo principal dessa nova ordem social é o desmantelamento dos movimentos sociais organizados, pregando uma ideologia individualista e fragmentada. Dessa forma, os movimentos sociais em todas as suas esferas sofrem os impactos desse projeto social, pois os movimentos sociais perderam sua força representativa, diante da precariedade dos partidos políticos, das correlações de forças, de lideranças sendo corrompidas, etc., há uma descredibilidade nos movimentos sociais.
Entretanto, nos anos 90 os movimentos sociais ganham apoio de outros segmentos populares ligados a projetos e programas habitacionais públicos ou financiados por ONGs internacionais.
Para visualizar melhor a condição de moradia na atualidade, ressaltaremos um fato empírico que ocorreu no município de Cascavel no ano de 1995.
 Diante das dificuldades no setor habitacional e os altos custos dos aluguéis, e o descaso do poder público municipal em relação a demandas postas, é que um grupo de pessoas, liderados por uma repórter da Gazeta do Paraná, mobilizou um grande número de pessoas “sem-teto” que vivenciavam as mesmas dificuldades de moradia, e desafiando a lei formal, “invadiu” o maior condomínio Residencial do município: o Residencial das Palmeiras, contendo 31 blocos com 496 apartamentos, no dia 10 de setembro de 1995. Segundo a imprensa local, esta foi a maior expressão de desobediência civil do município.
O movimento dos sem-teto recebeu apoio da sociedade civil, dos partidos políticos, da igreja e de outros segmentos. Porque o setor oficial de habitação encontrava-se desmoralizada frente a opinião pública, devido o superfaturamento da obra pela empreiteira contratada.
Enfim, a luta por moradia através dos movimentos dos sem-teto é uma realidade nacional, como podemos ver o caso da ocupação de prédios públicos em São Paulo, o Pojuca na Bahia, no Rio Grande do Sul, entre outros.
2.6 MOVIMENTO EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
A doutrina dos direitos do homem nasceu da filosofia jusnaturalista, a qual- para justificar a existência de direitos pertencentes ao homem enquanto tal, independentemente do Estado- partira da hipótese de um estado de natureza, onde os direitos do homem são poucos e essenciais: o direito vida e  sobrevivência, que inclui o direito  a propriedade ; e a liberdade.
Os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas. Estas lutas, as quais conquistaram direitos foram realizadas por movimentos sociais que com o passar das décadas foram reivindicando e instituindo direitos, assim como o voto, a liberdade de religião, a liberdade de nascer sob qualquer raça e sexo. Movimentos como os de mulheres, de negros, gays e  muitos outros que estão surgindo  tal qual o Movimentos Sem Terra, movimento Sem Teto, movimento ecológico. São pessoas que se unem com um mesmo objetivo, o de defender e/ou reivindicar direitos. O movimento em defesa dos direitos humanos pode ser tanto simbólico quanto material, pois reivindica tanto o beneficio social, quanto o concreto como posto de saúde, remédios, habitação e infra-estrutura.
 Tem-se por definição de direito: “Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é condição necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o desenvolvimento da civilização, ou seja , os que cabem ao homem enquanto homem”. Assim o primeiro registro sobre a liberdade que se tem notícia é a Magna Carta, que foi redigida em latim bárbaro, que outorga sobre as liberdades da Igreja e do rei inglês, esta declaração foi assinada pelo Rei João da Inglaterra em 15 de junho de 1215, perante o alto clero e os barões do reino. O Habeas Corpus já existia na Inglaterra bem antes da Magna Carta, como mandado judicial em caso de prisão arbitrária, mas sem muita eficácia em virtude da falta de normas adequadas. A Lei de 1679, cuja denominação oficial foi “uma lei para melhor garantir a liberdade do súdito e para prevenção das pressões no  ultramar”, trouxe garantias processuais que criam os direitos.
Reportando a história para este século podemos dizer que o problema do fundamento dos direitos humanos teve sua solução atual na Declaração Universal dos Direitos do Homem aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1848. A qual representa a manifestação da única prova através da qual um sistema de valores pode ser considerado humanamente fundado e, portanto, reconhecido: e essa prova é o consenso geral acerca da sua validade.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem conserva claro que “todos os homens nascem livres e iguais  em dignidade e direitos”. O que é uma maneira diferente de dizer que os homens são livres e iguais por natureza. Mesmo sabendo que os homens não nascem nem livres e nem iguais, mas são livres e iguais com relação a um nascimento ou natureza de ideais, que era precisamente a que tinham em mente os jusnaturalistas quando falavam em estado de natureza. A liberdade e a igualdade dos homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir: não são uma existência mas um valor: não  são um ser mas um dever ser.
Enquanto teorias filosóficas, as primeiras afirmações dos direitos do homem são pura e simplesmente a expressão de um pensamento individual: são universais em relação ao conteúdo, na medida em que se dirigem a um homem racional fora do espaço e do tempo, mas são extremamente limitadas em relação a sua eficácia, na medida em que são (na melhor das hipóteses) propostas para um futuro legislador.
Os direitos do homem são direitos históricos, que emergem gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e das transformações das condições de vida que essas lutas produzem. Sabemos que também os direitos ditos humanos são o produto não da natureza, mas da civilização humana; enquanto direitos históricos, eles são mutáveis, ou seja, suscetíveis de transformação e de ampliação.
Tem-se elencadas algumas reivindicações  tais como a Declaração dos direitos da Criança, que a criança por causa de sua imaturidade física e intelectual, necessita de uma proteção particular e de cuidados especiais;  e  também através de uma assembléia em 1963 foi aprovada uma declaração sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial.
Diante da história da sociedade, que foi construída através de lutas, afrontamentos, e que na  relação dialética  dos movimentos sociais que reivindicaram muito mais que suas conquistas, fizeram com que os dias de hoje fossem melhor do que o passado, leva-nos avaliar e a prezar pelo movimento histórico, para que seja crescente o interesse dos eruditos, assim como o populacional e das próprias instancias internacionais por um reconhecimento cada vez maior, e por uma garantia cada vez mais segura, dos direitos humanos.











 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa desenvolver um raciocínio lógico quanto a trajetória de alguns movimentos sociais que mais se destacaram na década de 90. Este tema é instigador na atualidade, visto que os direitos sociais são declarados em leis, mas são desrespeitados pelo Estado, já que este não cumpre o seu papel de viabilizador e executor de políticas sociais.
Este contexto oportuniza aos sujeitos sociais a exercerem a democracia, de forma a travar lutas sociais no intuito de concretizar estes direitos já garantidos na Constituição de 1988, na LOAS, no ECA, no SUS, entre outras leis,  lutando por questões justas, como direito a terra, ao emprego, a habitação, aos direitos humanos, de gênero, de raça, etc.
É nesta conjuntura de correlação de forças que deflagra-se alguns movimentos sociais populares que pretendem fazer valer seus direitos na concretude da realidade vivenciada.
Na estrutura do trabalho, inicialmente será exposto a contextualização da década de 90, buscando enfatizar a conjuntura econômica, social e política deste momento histórico. Na segunda parte definiremos o conceito de movimento social, já que este tema é muito polêmico e neste sentido merece um entendimento preciso do que consideramos ser efetivamente um movimento. Logo na seqüência analisaremos seis movimentos sociais mais atuantes na década de 90, procurando enfatizar a sua história de lutas, quais os seus repertórios de demandas, a ideologia, a identidade, a força social, as reivindicações que fazem, entre outras características.
Com isto, procuraremos contribuir no estudo e discussão da 4.ª série do Serviço Social, buscando o entendimento mínimo sobre este tema, visto que esta profissão se relaciona intrinsecamente aos movimentos sociais, já que na sua pauta também está em primeiro lugar a luta pelos direitos sociais.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   

 


 

 

 

CONCLUSÃO

A partir deste estudo, concluímos que os movimentos sociais nascem em meio a carências materiais e simbólicas, e travam lutas legítimas, no sentido de garantir os direitos básicos dos seres humanos, que são desrespeitados num contexto de um projeto de sociedade que superestima a economia e o mercado, em detrimento das pessoas e do social.
Os movimentos sociais supõem a participação popular, e é só a partir desta que podemos desprivatizar o Estado, e oportunizar que a falsa separação entre sociedade civil e sociedade política se desfaça, fazendo com que ambas possam se influenciar no sentido de democratizar a nossa sociedade, e acabar com o autoritarismo burguês e estatal. SILVA e SILVA (1995, p. 159) afirma que “...o Estado precisa emergir da sociedade civil e ser direcionado aos interesses daqueles a quem é negado o direito ao trabalho, educação, habitação, saúde, alimentação etc., buscando tornar o povo consciente e participativo das decisões nacionais.”
Nesta perspectiva, analisando o Serviço Social podemos observar o direcionamento que foi dado a esta profissão na década de 80. Enfatizava-se que os profissionais deveriam formar alianças com os movimentos sociais, com o objetivo de contribuir para que os setores populares se libertem da dominação ideológica, da estagnação, da fragmentação, criando um movimento popular autêntico, procurando construir juntamente com os sujeitos coletivos um projeto político de cunho transformador.
Percebe-se que neste período  atribuía-se o papel de intelectual orgânico (de Gramsci) ao Assistente Social, não distinguia-se a ação profissional da militância política.
Atualmente, entende-se que o Serviço Social enquanto profissão não vai realizar a transformação social. O profissional pode trabalhar na defesa dos interesses dos trabalhadores, e desta forma contribuir com a luta popular, mas não se pode superdimensionar as atribuições profissionais, já que a transformação social somente ocorrerá quando as classes trabalhadoras se organizarem e travarem lutas sociais legítimas.
Neste sentido, o presente trabalho trouxe grande contribuição, no sentido de proporcionar uma visão do sucateamento do social que passou a ocorrer com maior intensidade na década de 90, e a partir disto, como a sociedade civil está se organizando para infiltra-se nas decisões políticas, realizando assim pequenas mudanças sociais, talvez com um fim último de transformação social.






REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS


BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 10.ed. Rio de Janeiro : Campus, 1992. (Tradução de Carlos Nelson Coutinho)

CAMURÇA, Silvia. Gênero e políticas públicas – a quem interessa o debate sobre o tema. In: Cadernos ABONG, n.º 22, outubro/1997, p. 23-25.

CORREA, Sonia. Gênero e desenvolvimento: de que estamos falando? In: Cadernos ABONG, n.º 22, outubro/1997, p. 5-9.

FARIA, Nalu. Gênero e desigualdade. São Paulo : SOF, 1997.

GOHN, Maria da Glória. Teoria dos Movimentos Sociais. Rio de Janeiro : Ed. Loyola, 1997.

ITESP. Mediação no Campo: Estratégia de ação em situações de conflito fundiário. São Paulo : ITESP, 1998. N.º 6, dez. 1998 (Série Cadernos ITESP/ Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania).

LEIS, Héctor Ricardo. O Labirinto: ensaios sobre ambientalismo e globalização. São Paulo : Gaia;  Blumenau, SC : Fundação Universidade de Blumenau, 1996.

MAGGIE, Yvonne. Cor, hierarquia e sistema de classificação : a diferença fora do lugar. In: Estudos Históricos, n.º 14, julho-dezembro, Rio de Janeiro : Editora FGV, 1994, p.149-160.

SILVA e SILVA, Maria Ozanira da. (coord.) O Serviço Social e o Popular : resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. São Paulo : Cortez, 1995.

SOUZA, Maria Luiza de. Desenvolvimento de comunidade e participação. 5.ª ed. São Paulo : Cortez, 1996.

WARRIOR, Raimbow. Greenpeace. Obtido via Internet. https://www.dialdata.com.br/greenpeace/indexseguro.html, 2000.



 

 

Ana Angelina Batalha

Andréa Schmidt

Cheila Tatiana Lautert
Cilena Dias
Darlen Cibele Martelo
Luciana Domingues
Marcia Choptian
Sandra Caroline Eckstein
Sirlene Maria Nunes













MOVIMENTOS  SOCIAIS  DA  DÉCADA  DE 90









Trabalho apresentado a disciplina de Política Social e Movimentos Sociais da 4.ª série do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Toledo.

Docente: Cristiane Carla Konno










Toledo
2000









SUMÁRIO



INTRODUÇÃO................................................................................................................ 2

1.      CONTEXTO DA DÉCADA DE 90.......................................................................... 3

2.      O QUE É MOVIMENTO SOCIAL?......................................................................... 5
2.1  MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO.................................................................. 5
2.2 MOVIMENTO ECOLÓGICO OU AMBIENTALISTA.......................................... 8
2.3 MOVIMENTO NEGRO............................................................................................ 9
2.4 MOVIMENTO FEMINISTA................................................................................... 10
2.5 MOVIMENTO SEM-TETO..................................................................................... 12
2.6 MOVIMENTO EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS............................... 13

CONCLUSÃO................................................................................................................ 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 17